Formada em engenharia ambiental com MBA em agronegócios pela FGV, esta semana acrescentamos Aline Maldonado, a CEO da Produzindo Certo, uma solução transformadora para empresas comprometidas com o cumprimento de uma cadeia produtiva verificada que segue os mais rigorosos padrões sociais e ambientais. A empresa Produzindo Certo já influenciou a maneira que mais de 6,4 milhões de hectares de terra são administrados na América Latina, integrando o cuidado com a terra e o respeito às pessoas e aos recursos naturais.
Aline Maldonado #SheLeadsTheChange
- Sobre o que é seu projeto Produzindo Certo?
Produzindo Certo é sobre o amor pela terra e sua gente. Fundamos nossa empresa a partir do propósito de apoiar a transformação das cadeias do agronegócio, aproximando produtores e empresas comprometidos com a correta gestão dos recursos naturais e respeito à sociedade.
- Como ele contribui para melhorar o meio ambiente?
Trabalhamos lado a lado com o produtor rural, levando assistência técnica em sustentabilidade para o campo e de outro lado, buscamos oportunidades de negócios para esses produtores com empresas que incentivam e valorizam quem está produzindo certo.
Hoje já são mais de 3.200 propriedades rurais em nossa plataforma, juntas essas propriedades somam 6,5 milhões de hectares. Deste total, 3 milhões de hectares, o equivalente a área da Bélgica, são de vegetação nativa totalmente preservadas, que estocam 1,5 bilhão de toneladas de carbono. O restante são áreas produzidas sob boa gestão e melhores práticas produtivas, que consideram o cuidado com o solo, com a água e o respeito aos trabalhadores rurais. Assim, nossas propriedades, além de produzirem alimento, fibra e energia, preservam e prestam um serviço ambiental essencial à toda a sociedade.
- Você poderia nos dizer mais sobre sua experiência e por que você optou por se concentrar na agricultura sustentável?
Logo depois de me formar em Engenharia Ambiental, comecei a trabalhar na ONG Aliança da Terra, com a missão de conectar produção rural e conservação ambiental e então já semeava o que hoje é a Produzindo Certo. De cara eu me apaixonei pelo campo, pois é de lá que sai quase tudo o que comemos, o que vestimos e o que utilizamos como energia. Uma vez eu li em um livro uma definição sobre riqueza que dizia assim: “Riqueza é a maior transformação que conseguimos fazer em um ambiente de forma que tudo que é vivo e é importante para o que é vivo, exista sem escassez.” Na mesma hora eu fiz a correlação com a agricultura sustentável. Produzimos alimento, fibra e energia, e ao mesmo tempo podemos cuidar da floresta, da água, do ar e do solo.
Depois fiz um MBA em agronegócio e pude ter mais clareza de como a conexão entre as empresas que atuam nas cadeias de valor do agro poderia ser poderosa para catalisar a produção sustentável no campo.
- Que outras mulheres o inspiraram em sua carreira?
Sem sombras de dúvidas a primeira mulher a me inspirar foi a minha querida mãe, Edna. Ela era professora e era possível sentir que ela vivenciava a vocação dela, que era lecionar para crianças. Ela dizia que ser professora era um “lance de amor”. Ela passava madrugadas a dentro fazendo atividades ou lembrancinhas para seus alunos e sempre com um sorriso no rosto. Aquilo me inspirava, eu também queria trabalhar com algo que brilhasse meus olhos e ela me incentiva a isso.
Depois a minha sogra, Carmen, me inspirou por ser uma apaixonada pela terra e pelos animais. Ela foi uma desbravadora em áreas de fronteira agrícola no Brasil junto ao meu sogro, Ivo, e por onde ela passa existe um “verde”. Aliás eu falo que ela tem o “dedo verde”, tudo o que ela planta nasce. Ela foi pecuarista por muito tempo e atualmente ela produz abacaxis, e são os melhores que alguém pode saborear.
- Que conselhos você daria às mulheres que pretendem conquistar uma carreira com sucesso?
O primeiro conselho que eu daria é o que digo aos meus dois filhos todo santo dia: “faça sempre o seu melhor”. Isso virou até uma brincadeira, todo dia antes de deixá-los na escola eu os deixo começando a frase: “faça sempre o seu…” e eles completam: “…melhor”. Não importa qual tarefa seja, faça o melhor que você pode.
Depois é tentar identificar aquilo que te dá prazer em trabalhar. Tente se perceber naquilo que você está estudando ou trabalhando, se escute. Tem uma voz dentro de nós que nos dá essa resposta, mas a gente tem que estar atento para ouvir. As vezes na correria do dia-a-dia a gente não silencia para ouvir essa voz, é preciso fazer um esforço consciente.
Por último, não podemos nos deixar levar pela comparação entre homens e mulheres,
tendência hoje bastante arraigada. Não somos nem superiores nem inferiores, somos diferentes, temos vocações, instintos e papeis sociais diferentes. É importante essa compreensão para que possamos valorizar e dar o peso certo a cada etapa da nossa vida, inclusive na nossa carreira profissional.
- Quais desafios você enfrentou como mulher na área até conquistar o espaço que ocupa hoje e como lidou com eles?
Trabalhar no agronegócio é trabalhar em um ambiente predominantemente masculino. Mas devo dizer que eu tive sorte. Nunca me senti menosprezada por ser mulher e nunca senti uma dificuldade apenas pelo fato de ser mulher. Sempre busquei colocar minha voz para ser ouvida.
Como mãe devo dizer que senti algumas vezes quando precisei viajar e passar a noite fora de casa quando com filhos pequenos. Graças a Deus eu tenho um marido maravilhoso que é um super papai. Aliás nós trabalhamos juntos na Produzindo Certo e ter o suporte dele foi fundamental para conquistar o lugar que eu ocupo hoje, pois com ele ao meu lado me permitiu usar a dose certa de concentração da minha energia na careira profissional e na minha vocação de ser mãe e cuidar da minha família.
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