Ana Carolina é atualmente Pesquisadora Associada na Universidade de São Paulo e RWTH Aachen. Ela é uma pesquisa de doutorado focada na busca de como desenvolver uma cultura organizacional que apóie a transição para a Economia Circular. Por mais de seis anos, ela está comprometida com o desenvolvimento de ações de economia circular em colaboração com empresas e agências governamentais brasileiras, fundações e universidades internacionais.
#SheLeadsTheChange
- Como sua pesquisa contribui para melhorar o meio ambiente?
Muitas empresas tem se engajado na missão de transformar nossa sociedade em um mundo mais sustentável, seja por meio da implementação de economia circular, ESG ou outros conceitos/ferramentas que contribuem para isso. De acordo com o Circularity Gap Report 2022, apenas 8,6% do mundo é circular, ou seja, mesmo com os inúmeros esforços que estão sendo feitos, muitas empresas ainda não acharam seu caminho para implementar sustentabilidade por meio da economia circular. Muitos fatores estão envolvidos nisso, porém, a cultura e a mentalidade das empresas são os primeiros passos para facilitar ou dificultar a transição para uma economia mais circular.
Grande parte das iniciativas em economia circular, falham porque (infelizmente) ainda há a mentalidade de que iniciativas que visam a propagação da sustentabilidade remetem a aumento de custo e ficam restritas ao departamento de sustentabilidade/meio ambiente. Isso resulta em iniciativas pontuais que pouco impactam no longo prazo para a geração de resultados positivos para o meio ambiente, sociedade e mesmo economia.
Minha pesquisa trabalha esse ponto da transição para uma sociedade mais sustentável, a cultura das organizações. Quais valores, mentalidades, comportamentos, competências e capabilities as organizações precisam desenvolver para se posicionarem com mais força no caminho da sustentabilidade? E como desenvolver isso? Essas são perguntas que minha pesquisa tem tentado responder nos últimos 4 anos. E durante esse tempo, percebi que, sem uma mentalidade e uma cultura que coloque a co-criação de valores e colaboração com diferentes atores do ecossistema de negócio em primeiro plano, não há como alcançarmos uma economia circular. Somado a isso, a visão de longo prazo, é imprescindível para que iniciativas de economia circular demonstrem seu completo potencial de sucesso.
A mudança para a melhoria do meio ambiente e para o alcance do desenvolvimento sustentável, depende mais da cultura (de pessoas, empresas e sociedades) do que de tecnologias. Hoje temos muitas tecnologias que possibilitam um mundo mais sustentável, mas pouca consciência e abertura pra implementar essas tecnologias e para mudar nossos hábitos quanto indivíduos, sociedade e empresas. Assim, minha pesquisa contribui para melhorar o meio ambiente auxiliando empresas a orientarem sua mentalidade e cultura para a economia circular e sustentabilidade.
- Você poderia nos dizer por que você optou por se concentrar na economia circular?
Desde pequena, sempre vi minha mãe separando todos os resíduos em nossa casa, mesmo nossa cidade não fornecendo coleta seletiva. No início não entendia bem o porquê, mas com o tempo percebi a importância dessas pequenas ações. Conforme fui crescendo, mantinha alguns costumes mais sustentáveis, mas foi apenas na graduação que tive o primeiro contato com a parte ‘mais técnica’ de soluções de sustentabilidade. Fiquei apaixonada pelo tema e ao mesmo tempo preocupada, pois estava cursando Produção Industrial e sabia que o caminho a ser percorrido para alcançarmos um mundo sustentável ainda era (é) longo. A partir disso, decidi que queria contribuir, não apenas com ações individuais, mas para impactar positivamente a sociedade de alguma forma. Foi então que decidi fazer pesquisa na área e assim, tentar desenvolver soluções em conjunto com empresas para alavancar o desenvolvimento sustentável. Em 2016 inicie meu mestrado em economia circular e trabalho com a temática até hoje. Vejo na economia circular um grande potencial de aplicação por parte da sociedade e das empresas para fazer as mudanças acontecerem. Acredito que a Economia Circular, é um dos ‘movimentos’ que mais tem conseguido trazer consigo empresas, academia, governo e indivíduos que querem fazer a mudança.
- Que outras mulheres te inspiraram em sua carreira?
Sempre tive o prazer de ter mulheres maravilhosas em minha vida, que de alguma forma me inspiraram a seguir esse caminho. Começando pela minha mãe, que me inspirou ainda nova a entender que ‘pequenas atitudes fazem a diferença’. Desde quando iniciei o mestrado tive ao meu lado pesquisadores incríveis, que hoje desempenham seu papel como agentes de mudança para um mundo mais sustentável trabalhando em empresas ou institutos de pesquisa que fizeram a sábia escolha de trilhar esse caminho. E no cenário de pessoas ‘famosas’, Jacinda Ardern, a primeira ministra da Nova Zelândia é uma das mulheres que me inspira. Como representante de um país, ela tem feito um trabalho incrível em incentivar e liderar a busca por soluções mais sustentáveis.
- O que você diria a outros jovens que querem estudar algo relacionado à sustentabilidade/economia circular?
Que acreditem no seu potencial, tracem um plano para tornar seu sonho em realidade e acreditem que pequenas atitudes fazem toda a diferença. Busque conhecimento, estude, aplique, faça com que sua voz seja ouvida.
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